Durante seu período na presidência da SBCP-GO, Paulo Diniz trabalhou em casos de vítimas de invasões da cirurgia plástica
A valorização do exercício da cirurgia plástica baseado em conhecimentos científicos foi um dos focos da gestão (2014/2015), em que Paulo Diniz Júnior (CRM/GO 2928 | RQE – 1223) ocupou a presidência da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Goiás (SBCP-GO).
Em entrevista, ele contou um dos eventos mais marcantes que promoveu. “Realizamos uma jornada de cirurgia de nariz, quando tivemos a oportunidade de convidar médicos expoentes da época, como Carlos Inácio, José Carlos Roche e Prado Neto”.
Porém, a presidência também foi marcada pelo combate a um perigo que está presente ainda hoje: o uso de PMMA. Na época, 20 pacientes apresentaram sequelas após injeções do polímero nos glúteos, realizadas por um profissional não médico.
“Fiz uma reunião com cerca de seis colegas e, na Sociedade, atendemos essas 20 pacientes. Depois, elas foram encaminhadas à delegada responsável pela denúncia do caso”, relatou o cirurgião plástico.
Preocupação com o futuro
Paulo Diniz não acredita que o mercado da cirurgia plástica esteja saturado. No entanto, preocupa-se com a formação dos próximos cirurgiões. O motivo está na grande abertura de novas escolas médicas.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de cursos de medicina passou de 80, no ano 2000, para 390, em 2024. Contudo, segundo a plataforma e-MEC, a quantidade é ainda maior, com 459 escolas, sendo 33% públicas e 66% privadas.
“Estão sendo formados muitos médicos e, apesar das residências de cirurgia plástica serem boas hoje, tenho medo do aumento de vagas nos hospitais públicos”, alertou.
“Agora, temos três residentes (em cada programa de residência), em que o chefe ‘pega na mão’ e explica tudo. Com mais residentes, não tem como fazer isso e podemos formar cirurgiões que nunca pegaram em um bisturi”, acrescentou.
A preocupação se estende para a invasão de outros profissionais em procedimentos que são de competência dos cirurgiões plásticos, como casos de dentistas realizando cirurgias de face.
“Isso é questão de conhecimento e segurança. Afinal, fazemos dois anos de residência em cirurgia geral e três de plástica. Porém, temos essa invasão, que ocorre também entre os médicos, com ginecologistas, oftalmologistas e otorrinolaringologistas realizando cirurgias estéticas”, lembrou ele.
O caminho correto
Quando questionado sobre seus conselhos para quem deseja transformar vidas por meio da cirurgia plástica, Paulo Diniz não deixa segredos: “o caminho é fazer uma boa residência médica e entrar para a Sociedade. Para os bons e bem formados, sempre há espaço”.